Vídeo oficial de divulgação do Janeiro Branco, com clipping de notícias da campanha.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no mundo. A ansiedade atinge cerca de 9% da população. Além disso, outros estados de sofrimento mental fazem parte do cotidiano dos brasileiros. A depressão, por exemplo, atinge 5,8% dos habitantes do país.

Com o objetivo de trazer reflexão sobre temas relacionados à saúde mental e emocional, o psicólogo mineiro Leonardo Abrahão deu início à campanha Janeiro Branco em 2014. A data foi escolhida pois é nesse período que grande parcela da população está focada no planejamento e metas para o novo ano. Isso faz com que as pessoas reavaliem suas vidas, as relações sociais e o sentido existencial.

Juliana Viechenesk é psicóloga clínica e integrante da equipe de promoção à saúde da Consaúde, operadora de planos de saúde de Ponta Grossa. Na visão da profissional, o cuidado com a saúde mental merece atenção durante o ano todo e essa perspectiva tem se tornado cada vez mais forte entre a população. Para ela, a ideia de que o atendimento psicoterapêutico é exclusivo para quem possui algum diagnóstico de transtorno mental vem sendo substituída pela visão do autocuidado.

Criada em 2014, a campanha do Janeiro Branco estimula a conscientização sobre a saúde mental. Imagem: canva.

Direito à Saúde Mental

A psicóloga Andréia Cristina de Faria, cooperada da Unimed Maringá, destaca que a saúde mental precisa ser encarada como um direito da população. A falta dessa percepção, tanto por empresas quanto pelos próprios indivíduos, faz com o que tema não receba a atenção e o cuidado necessários.

“A saúde mental merece atenção. Infelizmente, ainda existem alguns tabus e preconceitos em relação ao assunto. O ideal seria que o tema fosse trabalhado em diferentes esferas do cotidiano”, explica.

Entre as manifestações de sintomas relacionados ao desequilíbrio da saúde mental, a ansiedade é um dos mais comuns. Segundo Andréia, é preciso estar atento aos sintomas que podem ser sinal de algum descompasso na saúde mental.

Tristeza, humor deprimido, desânimo, baixa autoestima, perda de interesse de atividades que antes costumava praticar, mudança no sono e apetite são alguns sinais observáveis no dia a dia. Dificuldade de concentração, angústia e mudanças no humor também podem ser considerados sinas de alerta.

De acordo com a psicóloga, o último ano foi ainda mais desafiador. Ela conta que a pandemia e o isolamento social levaram ao aumento na busca por atendimento psicológico.

Saúde mental no cotidiano

Para cuidar da saúde mental, o primeiro passo é estar atento aos sinais e sintomas. Depois, é preciso identificar o que é possível mudar em sua rotina para evitar esses gatilhos. Caso trabalhe muito e não possa mudar isso a curto prazo, por exemplo, é possível buscar formas de deixar a rotina mais leve. Em todos os casos, a busca pelo atendimento com um profissional é recomendada.

Segundo a psicóloga cooperada da Unimed Maringá, Andréia Cristina de Faria, algumas práticas cotidianas podem auxiliar no cuidado com a saúde mental.

Trabalho x saúde mental

Muitos fatores influenciam na promoção da saúde mental e emocional. Contudo, o trabalho tem ganhado destaque entre os temas que impactam a qualidade de vida do indivíduo. A pesquisa Gente em Perspectiva da Consultoria Falconi revela que, em 2020, 37% das empresas observaram crescimento dos transtornos psiquiátricos e distúrbios emocionais entre seus funcionários.

A síndrome de burnout, por exemplo, é um dos transtornos que tem figurado com destaque nesse cenário. Quadros de depressão, transtorno de pânico e ansiedade também podem ser indentificados como desdobramentos causados pelo trabalho.

Para a psicóloga JulianaViechenesk, o momento que vivemos tem colaborado para que as empresas se conscietizem da importância de cuidar da saúde mental de seus colaboradores.

“Certamente a pandemia encorajou as pessoas a voltarem o olhar para si e perceberem como não só a saúde biológica merece cuidados. Na mesma perspectiva, as empresas também passaram a compreender a relevância do investimento em estratégias que possibilitem o equilíbrio das funções mentais dos seus funcionários”, explica.

Desta maneira, iniciativas com foco no investimento dos cuidados com a saúde mental dos funcionários vêm ganhando espaço no mercado. Um exemplo vem da Ambev que, no último ano, criou uma diretoria de saúde mental. A ação tem por objetivo dar início a uma transformação na cultura da empresa, mais aberta a explorar a humadidade dos seus funcionários.

No último mês de setembro, por exemplo, os líderes da empresa compartilharam com os colaboradores quais haviam sido seus maiores erros na carreira. Nesse sentido, a gestão de pessoas tem um papel fundamental na qualidade de vida do colaborador.

Cuidado com os funcionários

Essa preocupação também está presente entre os clientes da Consaúde. De acordo com Angélica Nogueira, psicóloga do RH da operadora, muitas das empresas associadas solicitam para a equipe de promoção à saúde da Consaúde palestras que envolvem o cuidado com a saúde mental no ambiente de trabalho. Além disso, ela conta que há um incentivo nessas organizações ao acompanhamento clínico dos seus funcionários, quando necessário.

“As empresas não podem esquecer que o colaborador é um ser bio-psico-social. Isso quer dizer que ele é um todo, é um ser único e integral. Com isso, é importante que a empresa incentive e possibilite reflexões ao colaborador relacionadas ao autocuidado, às emoções e à promoção da saúde mental”, comenta.

Angélica também destaca algumas possibilidades de ações realizadas na Consaúde que podem ser adotadas por outras empresas no cuidado com saúde mental dos seus funcionários.

“Com os colaboradores da Consaúde buscamos sempre colocar em evidência os temas relacionados à saúde mental em capacitações e mobilizações. Atividades que visam conhecimento e reflexão são um exemplo, como a campanha do Janeiro Branco. Para contribuir na promoção da saúde mental desses funcionários, também realizamos ginástica laboral e comemoração de datas como Dia do Abraço, Dia do Desafio, Dia da Gentileza, Dia da Saúde Mental, com atividades de descontração, acolhida e reflexão”, conta.

Benefícios para o empregador

Entre os benefícios que essas ações geram aos colaboradores estão a melhora na autoestima, humor e facilidade nas interações pessoais. Além disso, as empresas aumentam o nível de satisfação dos seus funcionários com reflexos na melhoria do clima organizacional. Consequentemente, são sentidos outros impactos no ambiente corporativo como a redução de absenteísmo e das taxas de turnover. Em resumo, é crescente a convicção de que cuidar de seus colaboradores não é gasto, é investimento.

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