A economia paranaense vem dando sinais positivos de retomada, depois dos impactos negativos da pandemia do coronavírus. Essa é a percepção de alguns empresários, de diferentes regiões do estado, ouvidos pelo De Olho no Mercado. “Já há um indicativo de melhora nos últimos 60 dias”, contou o proprietário da Ferragens Brasil, de Foz do Iguaçu, Hélio Silva Kazumoto.

E esse crescimento é respaldado pelos números do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Comércio (IBGE), divulgados na última quarta-feira (12).

A pesquisa mostra que o volume de vendas no comércio varejista ampliado, que inclui todas as atividades, inclusive materiais de construção, aumentou 9% em junho deste ano, na comparação com junho de 2019. O resultado é também 5,9% superior a maio, que já vinha com um crescimento de 28,8%, depois de dois meses de quedas provocadas pela restrição das atividades.

Na comparação com junho de 2019, também houve crescimento no comércio de móveis e eletrodomésticos (40,5%); somente eletrodomésticos (33,1%); veículos, motocicletas, partes e peças (29,2%); material de construção (10,6%); hipermercados e supermercados (63%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (6,1%); e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (4,5%).

A Ferragens Brasil é especialista na vendas de ferramentas elétricas e manuais, parafusos, abrasivos e linha moveleira. Foto: divulgação.[/caption]

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Crescimento exponencial

Para Marcelo Luiz Gil, presidente da Comercial Ivaiporã, rede de lojas de materiais de construção e acabamento, os números são também são significativos.

“Estamos crescendo 35%, no comparativo ao mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano já temos mais de 17% de crescimento. O boom começou em maio, logo após as baixas de março e abril, quando fechamos por conta das restrições à pandemia”, explicou Gil. A rede Comercial Ivaiporã tem 29 lojas espalhadas pelo estado e emprega mais de 1 mil funcionários.

A Comercial Ivaiporã tem mais de 50 anos e é a maior rede de construção e acabamento do Paraná, em número de lojas. Foto: Divulgação.[/caption]

E esse crescimento exponencial tem causado até a falta de mercadorias. “Houve uma ruptura no fornecimento de mercadorias, principalmente de produtos importados”, salientou Jaderson Antonio Grugrer, proprietário da Instelpa. A rede tem duas lojas em Foz do Iguaçu e trinta anos de tradição no mercado de materiais elétricos.

O mesmo dilema é relatado por Sandro Adriano Machado, gerente da Base Forte, loja de acabamento em Ponta Grossa. “A indústria está com dificuldade de atender a demanda, o que está sendo um complicador. Isso acarreta na alta dos preços. Mas essa retomada, creio eu, vai reativar todo o ciclo”, explicou Machado. A Base Forte está há 16 anos em Ponta Grossa.

Sandro Adriano Machado é gerente da Base Forte. Foto: divulgação.

Móveis e itens para escritório

Das 13 atividades avaliadas pela pesquisa do IBGE, sete tiveram aumento nas vendas em junho deste ano, com relação ao mesmo mês do ano passado. O setor que mais cresceu no mês foi o de móveis, com 49,1% mais vendas que em 2019 e 3,5% a mais que em maio.

Fato comprovado por Julio Cesar França Bueno, proprietário do Grupo Big Móveis, com lojas em Ponta Grossa e Guarapuava.

“O que tem em estoque, vende. As pessoas estão buscando conforto e praticidade dentro de casa”, falou. O Grupo Big Móveis atua há treze anos na região dos Campos Gerais e Centro-Sul do estado.

Na foto o gerente da Big Móveis. Foto: divulgação.

Antônio Carlos Coelho Filho, proprietário das Lojas Coelho, rede ponta-grossense, vê o auxílio emergencial concedido pelo Governo Federal como um dos fatores do aumento da procura.

Dois fatores acarretaram esse crescimento: a quarentena em casa e o poder de compra vindo do auxílio emergencial”, falou. Na rede de Filho, que tem mais de 15 anos de mercado, o que mais tem saído são itens de limpeza e produtos para organização.

O crescimento também é motivo de alegria para Celso Araújo Pinto, proprietário da Clover, loja de equipamentos para escritório, em Foz.

“O item mais procurado, nos últimos 90 dias, são as cadeiras para office. Com a demanda de home office, os profissionais procuraram investir na qualidade do trabalho em casa. As empresas também compraram para seus funcionários”, relatou.

Segundo Pinto, “montar um escritório em casa, ter um espaço reservado, especificamente, para o trabalho, garante a produtividade. É um caminho sem volta”, disse.

E ele ainda pontuou: “A pandemia foi, com certeza, o maior desafio que enfrentei como empresário. A partir de agora estamos respirando mais aliviados”, concluiu o gestor da Clover.

Todo mundo online

A demanda por home office também afetou positivamente os negócios do empresário Rafael Scheifer, da ES Informática, de Ponta Grossa.

“A venda de notebooks aumentou muito. Antes da pandemia, as famílias se viravam bem com apenas um computador em casa. Agora, com pais e filhos necessitando do equipamento, seja para o trabalho ou para as aulas online, a procura até triplicou ”, declarou.

De acordo com Scheifer, além dos computadores, entre os itens mais buscados estão também fones de ouvido, microfones, webcam e impressoras. “Falando de itens para informática, sentimos um boom grande em março e agora o mercado está estabilizando”, disse o proprietário da ES Informática.

Segundo a ES Informática, loja em Ponta Grossa, mais da metade das vendas realizadas no últimos meses dois meses foram entregues na casa do cliente, pelo delivery. Foto: divulgação.

O comportamento relatado por Scheifer foi similar em Medianeira e Foz do Iguaçu, para a Encopel Papelaria. Segundo Liliane Ribeiro, gerente comercial da marca, “os itens para o trabalho remoto foram os mais procurados”, declarou.

Os números do IBGE mostram ainda que o Paraná teve, na comparação com junho de 2019, o quinto melhor resultado entre os estados brasileiros, atrás de Santa Catarina (24,6%), Tocantins (18,5%), Amazonas (14%) e Maranhão (13,7%). No País, o comércio varejista ampliado teve crescimento de 0,9%, se comparado a junho de 2019, e de 12,6%, em relação a maio, além de quedas de 7,4% no acumulado no primeiro semestre e de 1,3% nos últimos 12 meses.

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O De Olho no Mercado conversou com empresários paranaenses sobre o crescimento das vendas. Relatos endossam pesquisa do IBGE, que aponta maior faturamento do comércio nas últimas semanas