No dia 28 de dezembro é comemorado o Dia Nacional do Cooperativismo de Crédito. Uma data instituída pela Lei 12.620/12, que tem como objetivo ressaltar a importância do cooperativismo de crédito no Brasil.

Por isso, preparamos um post especial para trazer à tona a força desse mercado. Um setor que se baseia na ajuda mútua dos cooperados para melhorar a gestão de recursos financeiros.

Ao longo dele, você vai conhecer um pouco mais sobre o que é uma cooperativa de crédito e como o cooperativismo de crédito beneficia a comunidade. Vem com a gente!

Quatro mãos com punhos cerrados simbolizando a cooperação, com planilhas e anotações na mesa abaixo. — Cooperativismo de crédito é ramo do cooperativismo voltado a soluções financeiras adequadas à necessidade dos associados. Crédito: Mohamed Hassan/Pixabay.

Por dentro do cooperativismo de crédito: o que é uma cooperativa de crédito?

Uma cooperativa de crédito é uma instituição financeira formada por uma associação de pessoas que ajudam umas as outras para cumprir objetivos financeiros. Também chamada de cooperativa financeira, não tem fins lucrativos.

Como funciona

Para entender mais sobre como funciona o cooperativismo de crédito, conversamos com o Sérgio Gini, gerente da Unidade de Desenvolvimento Cooperativo (UDC) da Central Sicoob Unicoob.

Gini conta que cada cooperativa local ou regional é autônoma, tem sua própria gestão e conselho de administração. “Mas por força legal e para operar com plenitude ela precisa estar filiada a uma cooperativa central e a cooperativa central, por sua vez, a uma confederação, o que chamamos de cooperativa de terceiro nível”.

Hoje, no Brasil, existem quatro confederações além de centrais independentes:

Sicoob, com sede em Brasília (DF);
Sicredi, com sede em Porto Alegre (RS);
Unicred, com sede em São Paulo (SP);
E a Cresol, com sede em Francisco Beltrão (PR).

Qual o principal objetivo de uma cooperativa de crédito?

Diferente de um banco comercial, a cooperativa de crédito tem como objetivo oferecer serviços bancários de modo mais acessível. Ela também ajuda a promover retorno financeiro para o cooperado, além de investir na comunidade local.

Gini explica que tudo o que um banco tradicional oferece também é oferecido no cooperativismo de crédito.

“O diferencial da cooperativa de crédito é poder contribuir de forma direta com a localidade, além do benefício da cooperação para todos os associados: quanto mais um sócio trabalha com a cooperativa, mais percentual ele terá na distribuição dos resultados”.

Assim, quanto mais associados ela tem menores os custos operacionais envolvidos. “Por isso, a cooperativa precisa ter um número cada vez maior de associados para ter condições de oferecer produtos e serviços competitivos, adequados à realidade dos cooperados e de suas comunidades”, complementa.

Diferença entre cooperativa de crédito e banco

Uma dúvida muito comum na hora de optar por serviços financeiros é entender a diferença entre cooperativa de crédito e banco.

Gini explica que tudo começa pelo modelo de negócio. “A cooperativa é uma sociedade de pessoas e não de capital. Por isso, na cooperativa o associado é, em tese, o dono do negócio. Se no banco o correntista é um mero cliente, na cooperativa cada associado tem direito a voto independente de quanto ele tenha de capital investido”.

De acordo com Juliana Denck, gerente de desenvolvimento e cooperativismo na Sicredi Campos Gerais, é importante lembrar ainda do objetivo central de cada instituição.

“Na cooperativa, somos uma sociedade de pessoas que se unem para trazer produtos e serviços para suprir as necessidades financeiras dessas pessoas. Em um banco, por exemplo, o principal objetivo é o lucro”.

Ela também destaca que no cooperativismo de crédito o associado participa da distribuição dos resultados. “Em 2019, a cooperativa deu R$ 52,9 milhões em resultados, em sobras financeiras, e desse valor R$ 13,4 voltaram para os nossos associados”, afirma.

Sérgio Gini ressalta que o valor devolvido é proporcional. “No banco, o voto é proporcional às ações e, muitos acionistas nem correntistas são. Na cooperativa os resultados financeiros são devolvidos aos associados, proporcionalmente às suas operações”.

5 contribuições do cooperativismo de crédito para o desenvolvimento econômico e social da comunidade

Cooperativismo de crédito e desenvolvimento local: confira como as cooperativas de créditos ajudam a impulsionar a sociedade.

1. Geração de empregos

A geração de empregos e de renda é uma das contribuições desse modelo de negócio para a comunidade. “Enfatizamos muito a questão da localidade, pois a cooperativa gera empregos, com boa remuneração”, pontua Gini.

2. Incentivo ao comércio local e ciclo financeiro virtuoso

“A cooperativa paga impostos e tributos que beneficiam a cidade e o estado e faz o comércio local e regional ser ativado de forma direta, com as taxas e tarifas muito abaixo do sistema bancário tradicional”, avalia ele.

3. Oferta de crédito justo e adequado às necessidades dos associados

Para o gerente da UDC da Central Sicoob Unicoob, a principal contribuição do cooperativismo de crédito é a oferta de crédito justo. “Não vendemos produtos e serviços apenas para bater metas. Cada gerente de negócios é um consultor e, em última análise, um educador financeiro a serviços dos associados”.

4. Promoção da educação financeira

Com o propósito comum de ajudar a promover a educação financeira dos brasileiros, as duas cooperativas de crédito possuem iniciativas com esse viés.

Na Sicredi Campos Gerais, a educação financeira é tema de cursos e oficinas para a comunidade em geral. “Hoje, temos 600 colaboradores dos quais 150 são voluntários em fazer cursos de educação financeira”, pontua Juliana.

No Sicoob também existe um programa voltado ao tema. “Fazemos de forma constante, arquitetada metodologicamente, uma atuação sistêmica para que nossos associados saibam lidar com o seu dinheiro: são palestras de educação financeira, clínicas financeiras, atendimento para funcionários de empresas e uma série de ações que enfatizam a importância desse comportamento para nós brasileiros. Mas, nossa vantagem está que atendemos a base. Nossa educação financeira para crianças e adolescentes é um destaque nacional”, detalha Gini.

5. Responsabilidade social

A solidariedade também faz parte do cooperativismo de crédito.

No Sicoob, a responsabilidade social ganha forças através do Instituto Sicoob, uma organização de utilidade pública estadual e federal. “Ele aprimora a atuação de nossas cooperativas com crianças, pessoas desassistidas, programas de empreendedorismo e cooperativismo, incentivos à lei do esporte, à lei da cultura e da saúde, e um movimento que leva o cooperativismo para dentro das escolas”, completa Sérgio.

A força do cooperativismo de crédito no Brasil

Como um ramo do cooperativismo, o cooperativismo de crédito ainda é relativamente pouco conhecido pelos brasileiros. Segundo dados da OCB (Organização das Cooperativas do Brasil), apenas 34% da população se relaciona com essa ramificação cooperativa.

Contudo, é cada vez maior o destaque das maiores cooperativas do país como transformadoras da comunidade. Uma herança que vem desde 1902, quando surgiu a primeira cooperativa de crédito no Brasil – mais precisamente em Nova Petrópolis (RS).

Na época, a instituição atendia exclusivamente às necessidades financeiras locais de famílias da região, financiando a construção de casas e aquisições de terras para cooperatos. Mas, com o tempo, o modelo se replicou em diversos outros municípios do Brasil, ganhando a adesão de milhares de pessoas.

Hoje, o poder da cooperação no setor financeiro alcançou patamares nunca antes vistos. De acordo com a OCB, existem no Brasil hoje 827 cooperativas de crédito gerando mais de 71,7 mil empregos e batendo a marca de 10,7 milhões de cooperados.

Para entender melhor a força do cooperativismo de crédito no país, o De Olho No Mercado destaca a atuação de duas das principais cooperativas de crédito do Brasil:

Sicoob, o poder do maior sistema cooperativo do país

Com mais de 4,8 milhões de cooperados e 3,1 mil pontos de atendimento, o Sicoob está presente em todos os estados do Brasil.

“O Sicoob é hoje a quinta maior rede de atendimento bancário do Brasil, depois do Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal e Itaú. Em 2019, as sobras líquidas (lucro) foram de R$ 3,08 bilhões que retornaram para as comunidades onde as cooperativas locais atuam”, revela Gini.

Mesmo considerando 2020 como o ano mais desafiador, o gerente conta que os resultados se mantiveram positivos em termos de negócios e controle da inadimplência.

“Ainda há incertezas sobre o futuro, mas as nossas cooperativas continuaram a manter elevados índices de negócios, trabalhando também com as linhas emergenciais do governo. Outro fator importante, é que a inadimplência continuou em patamares bem abaixo da média bancária tradicional. No Sicoob Unicoob, a nossa inadimplência média de 90 dias no mês de dezembro está na casa dos 2,25%”, avalia.

Para 2021, o plano é seguir no processo de expansão da Central Sicoob Unicoob – com sede em Maringá – para outros estados como São Paulo onde está o maior PIB do país. Atualmente, a Central conta com 17 cooperativas filiadas.

“Pelos nossos cálculos iremos alcançar agora em janeiro o número expressivo de 500 mil cooperados. Esse número, aliado aos nossos mais de R$ 10 bilhões de recursos administrados, nos dará possibilidade de atendermos nossos associados com muito mais excelência, rapidez, encantamento e fazer a diferença nas comunidades onde estamos presentes”, prevê.

Sicredi, o alcance da primeira instituição financeira cooperativa do Brasil

Com quase 5 milhões de associados, o Sicredi também oferece todos os produtos e serviços financeiros comuns a outras instituições bancárias. “A diferença é que aqui as pessoas são donas, participam das decisões, dos resultados. E nós temos também projetos sociais em benefício da comunidade”, destaca Juliana Denck, Gerente de Desenvolvimento e Cooperativismo do Sicredi.

Para ela, o principal concorrente da cooperativa de crédito hoje é o desconhecimento.

“Só 4% da população economicamente ativa é associada a uma cooperativa de crédito hoje no Brasil. Essa é a nossa chance de desenvolver o cooperativismo de crédito e de trazer ainda mais pessoas para fazer parte da cooperativa”, argumenta.

Juliana conta que 2020 foi um ano excelente para o Sicredi. “A gente não parou em nenhum momento, pelo contrário: fizemos de tudo para atender ainda melhor o associado”.

Além de adotar medidas de segurança como o atendimento agendado, um cuidado que continua sendo mantido, a Sicredi também ajudou a fomentar a economia local.

“Fizemos campanhas de incentivo ao comércio local, porque percebemos que muitas pessoas continuavam comprando na internet e aquele comerciante aqui do lado da agência muitas vezes sofria por falta de venda”.

Para 2021, as expectativas seguem otimistas. “Queremos continuar ao lado do associado, incentivando o comércio local e desenvolvendo a comunidade onde estamos”.

E você, se inspirou ao conhecer mais sobre a importância do cooperativismo de crédito para a comunidade?

Aproveite para conferir também o engajamento da RPC em iniciativas de desenvolvimento local:

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