A publicidade é, em diversos aspectos, um espelho do mundo em que vivemos. Traduzir de uma forma atraente uma mensagem, não importa o momento pelo qual a sociedade passa, exige que o publicitário possua uma sensibilidade ímpar. Muitas vezes, ter esse olhar único sobre o cotidiano exige uma pausa, o chamado “break”. Por isso, neste 1º de fevereiro, Dia do Publicitário (a), a RPC parabeniza os publicitários fazendo um convite à pausa.

1º Feliz Dia, Publicitárias e Publicitários

Assim como os nossos “breaks” – os intervalos comerciais da programação da emissora – esse tipo de pausa que convidamos a fazer é também uma força na rotina dos publicitários: a reflexão é inerente à criatividade.

Diretor da 7Z7 tem o hábito de fazer pães durante um brainstorming

Ao longo da História, milhões de personalidades – autores, artistas e pintores – tinham na pausa uma forma de estimular o seu processo criativo. O ócio, muitas vezes, era um fio condutor para uma ideia adormecida. Conforme exemplifica José Luiz Garcia, diretor de criação e fundador da 7Z7 Ideias fora da curva, na Região Noroeste do Paraná, muitos nomes célebres adotavam o break como uma forma de “maturar” a criação.

“O processo criativo, de fato, requer que às vezes deixemos as coisas assentarem para que possamos torná-las orgânicas, se é que se pode chamar assim”, pondera Garcia. “Isso me faz lembrar do David Ogilvy (notório publicitário, conhecido como o ‘pai da propaganda’): ele tinha o hábito de trabalhar em casa na produção dos anúncios, sem as interrupções na agência que ele administrava. Assim, começava lendo tudo que tinha em mãos sobre o assunto e só depois tentava escrever. Se ainda não saísse nada, parava tudo. Depois de um banho quente, uma música na vitrola e um bom vinho, as ideias vinham em turbilhões”.

Assim como o escritor Nelson Rodrigues, que tinha o hábito recorrente de parar no meio de um determinado conto para buscar um café ou conversar com colegas, Garcia é um adepto das pequenas pausas ao longo do dia. Mais que isso: apreciador da arte de fazer pães, o publicitário já conduziu reuniões de brainstorming on-line em que, ao mesmo tempo, preparava uma massa.

“Estudo piano e, semanalmente, paro tudo o que estiver fazendo e me concentro naquilo. Como se trata também de um processo criativo, ativa outras sinapses no cérebro. Com a aula on-line nos últimos tempos, isso ficou ainda mais prático. Parar para fazer outra coisa liberta você da tensão. Quantas vezes, depois de já criada e produzida uma ideia, relaxados da pressão, tivemos ideias ainda melhores?”

Modelo de trabalho remoto e sem escritórios

Essa nova rotina, decorrente de um mundo em que o trabalho se tornou mais remoto – ou híbrido – trouxe mudanças para a rotina do publicitário. Há dois anos, a Anima virou a 7Z7, com um modelo de trabalho à distância e sem escritórios físicos.

“Tudo tem funcionado muito bem e não temos mais endereço, exceto na nuvem”, conta. “São mudanças que ampliaram nossos horizontes e não perdemos nada com nossos clientes. Nem todos, mesmo os grandes, estavam preparados para esse futuro que foi antecipado. A conquista que mais tem me sido grata é o reconhecimento dos clientes. Recentemente, também fui convidado a compor o Comitê de Marketing de uma organização de cinema da Florida US, por conta do meu envolvimento na área”.

Desacelerar com caminhadas ajuda na rotina de diretor da Trez

Para Alan Palhano, diretor de criação da Trez Comunicação e Design, de Maringá, é vital ter um momento ao longo do dia que permita a descompressão de uma rotina de trabalho. Ainda mais, reforça ele, no momento atual em que vivemos “integrados” às nossas funções em diversos momentos do dia.

“Há momentos que precisamos fazer o ‘break’, mudar nosso foco mental, para que a criatividade seja reativada”, avalia. “Como atendo clientes num raio de 100 km, meu trajeto costuma ser o momento em que passo, mentalmente, tópicos de apresentação. Quando você sai da frente do computador, do celular ou da pressão de prazos, muitas vezes o essencial ou o óbvio acaba aparecendo”.

Em uma dessas viagens, relembra Palhano, alguns insights ótimos apareceram “como num passe de mágica”. Naquela ocasião, o publicitário precisava de uma campanha de publicidade e, também, de um diagnóstico de outras áreas deste cliente, buscando compor toda a comunicação da marca. Tudo isso veio a ele neste trajeto: além da campanha aprovada, a Trez verificou uma consultoria para uma pesquisa. O cliente comprou a ideia com estes novos dados e, por consequência, a campanha foi mais assertiva graças a essa leitura ampla do mercado.

“Durante a pandemia, entre pausas de atendimento presencial e home office em alguns momentos para garantir a saúde da equipe, acabamos trabalhando muito mais que antes. Um dos maiores desafios foi conciliar atendimento na maioria das vezes remoto, prazos curtos e criação. No meu caso, após o expediente, fazer caminhada em parques, ouvindo uma boa música, foi um dos processos de desaceleração para não ‘pirar’ e encerrar o dia de forma mais ‘relax’”.

Relacionamento entre agência e cliente se tornou mais humanizado

Palhano avalia que a maior conquista deste novo momento foi a reinvenção com possibilidade de inovar, saindo de uma “zona de conforto” com o uso da criatividade, tão importante na publicidade.

“O relacionamento ‘agência x cliente’ se tornou mais humanizado”, acredita ele. “A maior conquista foi compreender o momento, e com sabedoria, auxiliar com criatividade o cliente a dar passos certos para conquistar os objetivos”.

Ciclismo é forma de oxigenar o cérebro para o diretor de criação da GPAC

Com 208,5 quilômetros de ciclovias espalhadas pela cidade, Curitiba é uma das cidades favoritas de ciclistas em todo o Brasil. Desde 2020, a atividade ganhou ainda mais adeptos, seja para o deslocamento ou como forma de atividade física. Para Juca Pacheco, diretor de criação e planejamento da GPAC, o ciclismo se tornou uma forma de descompressão.

“O meu momento ‘break’ está ligado às atividades esportivas, principalmente ao ar livre”, conta. “Oxigenar o cérebro, deixar o coração bater mais forte, olhar o mundo ao redor e se abrir para que os caminhos e ideias venham mais facilmente. O ciclismo tem sido minha opção”.

Com uma rotina dividida entre as questões administrativas, de relacionamento e estratégicas, Pacheco relata que precisa exigir do cérebro habilidades diferentes ao longo do dia. Isso gera uma “poluição”, uma nuvem de fumaça que, com o avançar do dia, pode afetar a capacidade de entregas e soluções para determinados problemas.

“Como dizemos na campanha de um dos nossos clientes: Respira, Transpira, Inspira. É assim que entendo o chamado ‘break’ nas atividades do dia a dia. Nos ajuda a melhorar o raciocínio, aumenta nossa sensibilidade, nos ajuda a inspirar a equipe e ‘clarear’ o caminho em busca das soluções”.

“Clarear a mente nunca foi tão necessário”

Uma boa ideia, sugere Pacheco, é fruto da “força de um coletivo”. Por isso, o momento de relaxamento é uma das formas de se chegar nesse objetivo. Para ele, seria injusto afirmar que um insight surge somente a partir daquele momento, mas sim que foi “encontrado” ali.

“A sociedade mudou seus valores e formas de enxergar o mundo. Nosso trabalho tem que estar em sinergia com esse movimento”, pondera. “Clarear a mente nunca foi tão necessário. Descontaminação mental: esse passou a ser o meu desafio diário”.

Felizmente, Pacheco acredita que o “novo normal” trouxe um reconhecimento maior dos seus clientes, havendo um entendimento maior do papel da publicidade no sucesso de cada um deles. “Fico muito feliz quando somos percebidos como parte do processo e nossa equipe também amadureceu com as adversidades. Ter mais profissionais para se apoiar também foi uma importante conquista”, conclui.

Qual é a sua estratégia para um “break” na rotina do seu negócio? Compartilhe com a RPC Negócios!

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