Histórias de empreendedorismo: quando pais decidem arriscar pelo futuro dos filhos
Conheça a história de Wagner Rover e Bruno Silvério, que decidiram transformar suas vidas profissionais para dar mais conforto aos filhos
Empreender é arriscar e para abrir um novo negócio é preciso ter um perfil visionário, enxergar além das dificuldades as oportunidades disponíveis no mercado – e ter muito fôlego para apostar todas as suas fichas no novo empreendimento. Em 2010, quando Wagner Rover decidiu abrir a própria empresa, a AzDirect, Bernardo – seu segundo filho – estava prestes a nascer; enquanto Murilo, hoje com 11 anos, iniciava a alfabetização.
Casado com Camila Rover, sua parceira também nos negócios, os dois tiveram que fazer naquele momento a difícil escolha de abandonar suas carreiras profissionais já consolidadas para se tornarem donos do próprio negócio. “Eu tinha o sonho de ser dono de algo meu. Foi difícil convencer a Camila de que poderíamos lucrar com o novo negócio. Compreensível, já que tínhamos um filho pequeno e outro quase nascendo. Foram muitas noites sem dormir estudando o mercado, planejando e discutindo. Não tínhamos uma segunda chance. A empresa tinha que dar certo”, explica Wagner.
O primeiro ano da empresa, no entanto, foi muito melhor do que o esperado: cerca de 30 franquias já haviam sido vendidas. Foi quando Rover percebeu que a maior parte da receita da empresa vinha da propaganda em sacos de pão, o que o motivou a criar uma segunda empresa, a DivulgaPão. Até 2013, haviam sido vendidas 200 franquias da marca e hoje a empresa está presente em todos os estados brasileiros.
Mas o crescimento, por outro lado, fez com que Wagner tivesse menos tempo ao lado de Murilo e Bernardo. Para driblar a ausência, o jeito foi aumentar o contato dos meninos com os negócios do pai. “Os meninos estão sempre aqui na empresa. É até engraçado porque eles nasceram junto com esse projeto. Como tive que investir muito tempo no desenvolvimento da AzDirect e da DivulgaPão principalmente nos primeiros anos, a Camila teve que segurar a onda para atendermos todas as necessidades dos meninos. Eu sou aquele pai que faz a bagunça, que brinca, com eles viro criança”, afirma Rover.
Sacrifícios familiares são necessários para empreender
Três em cada dez brasileiros entre 18 e 64 anos têm uma empresa ou estão envolvidos com a criação de um negócio próprio. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feita no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP) e divulgada este ano, ter o próprio negócio é o terceiro maior sonho do brasileiro, ficando atrás de comprar a casa própria e viajar pelo país. Mas empreender exige muita dedicação, com foco nos objetivos e resultados e isso acaba delimitando o convívio familiar.
Para o empreendedor Bruno Silvério não foi diferente. Com o nascimento da segunda filha, Alice, foi necessário rever as prioridades financeiras, descobrir novas formas de sustento e sacrificar o contato com a família para dar fôlego ao sonho de empreender. “Pensamos muito na criação da Alice. Como a família da minha esposa é de Pérola, cidade próxima de Umuarama, decidimos que seria bom tentarmos uma nova vida. A criação em cidade menor é diferente, com mais confiança nas pessoas. Por isso arrendei a única gráfica da cidade, que estava quase fechando, e hoje atendo clientes até mesmo da capital. Foi uma mudança radical de vida”, explica Silvério.
Para o empresário a maior dificuldade na transição foi deixar sua filha mais velha, Bianca, com 7 anos, na capital com a mãe. Fruto do seu primeiro relacionamento, para manter contato Bruno viaja quinzenalmente a Curitiba. “Foi muito difícil porque somos muito apegados um ao outro. Senti muito a falta dela, mas a capital tem um custo de vida muito alto e a Alice, nesse momento, está começando a se desenvolver. E para dar mais conforto financeiro tanto para Bianca quanto para Alice, alguns sacrifícios foram necessários”, afirma.
Desde que assumiu o controle da Gráfica Pérola, Bruno tem modernizado o sistema de operações da empresa e tentado criar diferenciais competitivos. “Havia pouca qualidade no serviço oferecido. Hoje estou investindo em novos equipamentos, novos serviços e já estou estudando para trabalharmos com o sistema e-commerce. Depois que assumi, outras duas gráficas abriram na região porque viram que era possível levar uma empresa deste segmento para frente mesmo em uma cidade pequena”, explica Silvério.
Brasil é líder mundial no ranking de empreendedorismo
O sucesso da AzDirect e da Gráfica Pérola confirmam o perfil certeiro do empreendedor brasileiro para mirar em bons negócios. Segundo a pesquisa realizada este ano pela Endeavor Brasil, com o apoio da Ibope Inteligência, 81% dos empreendedores brasileiros decidem abrir a própria empresa por terem encontrado uma excelente oportunidade no mercado e, em média, 95% dos entrevistados associam a ideia de empreender a “poder ajudar alguém”, “assumir responsabilidade” e “se beneficiar do próprio trabalho”.
As principais dificuldades apontadas pelos entrevistados na pesquisa revelam que os empreendedores brasileiros ainda sentem falta de conhecimento sobre gestão de pessoas e know how sobre o mercado. Apontam também que a falta de recursos para dar o pontapé inicial nos negócios ainda limita a expansão de empreendimentos inovadores no país.
Além disso, o Brasil é considerado o país com a maior taxa de empreendedorismo no mundo, passando na frente inclusive da China, que registrou índice de 26,7%. Só entre 2004 e 2014, a taxa total de empreendedorismo no Brasil aumentou de 23% para 34,5%, segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feita no Brasil pelo Sebrae e pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), divulgada este ano.
Para encerrar, confira o depoimento de Wagner Rover, uma história inspiradora para pais, filhos e toda a família.
Pais empreendedores: Wagner Rover – Grupo Midaz from RPC Comercial on Vimeo.
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