Salvados: conheça este modelo de negócio

Encontrar preços atrativos fora das grandes temporadas de promoção tem sido difícil. Entre uma loja e outra, às vezes, o preço de certos produtos quase não muda. É o que acontece em alguns segmentos, como o dos eletrodomésticos chamados ‘linha branca’ – fogão, geladeira, máquina de lavar roupas, entre outros – em que o valor de venda é quase o mesmo entre os próprios concorrentes.

Com poucos fabricantes no mercado, é normal que as lojas revendam estes produtos em uma margem similar de lucro, sem grandes variações. Mas, para o bolso do consumidor, continua caro. Com a retração da economia, as lojas que vendem produtos conhecidos como salvados se mostram uma opção de fôlego para os consumidores que querem gastar menos e precisam renovar os eletrodomésticos da casa.

Para Diego Dalagassa, um dos proprietários do Salvacenter, o crescimento deste modelo de negócio tem sido exponencial não só em Curitiba, mas no Brasil. Funciona assim: se de repente uma loja declara falência e não tem mais condições de girar o estoque que ficou parado, as lojas de salvados entram em ação e compram o lote junto às seguradoras. Depois, revendem com preço menor do que o varejo costuma vender, em média 30% a menos.

Dalagassa conta que, recentemente, teve a oportunidade de comprar um lote de uma grande rede de móveis sofisticados devido a um pequeno incêndio no galpão da marca. “Só uma pequena parte dos móveis foi danificada. Essa parte não colocamos à venda. Mas como a empresa tem seguro, recebe a chance de renovar todos os produtos, inclusive os em bom estado. E aí compramos das seguradoras. Revendemos produtos de excelente qualidade, com garantia e assistência técnica por um preço muito menor”, explica o dono.

As lojas de salvados podem comprar lotes de produtos por diversos motivos. Normalmente, as empresas acionam as seguradoras quando algumas mercadorias tenham sofrido algum tipo de dano. Como as lojas trabalham com giro alto de produtos, o melhor é não permitir a compra quando existe a dúvida.

Mas nem sempre todos os produtos estão avariados. Por que desperdiçar, então, mercadorias de alto valor agregado se elas podem servir para os consumidores? Como as seguradoras são obrigadas a reembolsar o valor do prejuízo às lojas, elas acabam adquirindo o produto descartado. E, por isso, revendem às lojas de salvados.

Algumas lojas compram os lotes por meio de leilão aberto ou diretamente com a seguradora. Vai depender da confiança entre as partes. Não raro, a Receita Federal também promove leilões de mercadorias apreendidas para as lojas de salvados, mas a maioria das mercadorias acaba sendo doada a instituições de caridade.

Produtos de qualidade e com preço abaixo do mercado

Alguns consumidores têm receio de comprar em salvados porque acreditam que os produtos não terão garantia e vão ter que arcar com o prejuízo mais tarde. No entanto, por lei, as lojas de salvados devem oferecer no mínimo 3 meses de garantia e suporte. “Nós vamos além: oferecemos seis meses. Estabelecemos uma rede de confiança com as seguradoras, só colocamos à venda produtos originais na Salvacenter”, afirma Dalagassa.

Cada produto é único. Normalmente, as empresas de salvados organizam seu modelo de negócio como as lojas de departamentos, já que não existe um ramo específico de produtos a serem comprados com as seguradoras.