A Regra do Jogo traz inovação na produção para o mundo das novelas
Nova novela da Globo, A Regra do Jogo aposta em veracidade e improviso, emprestando algumas características de reality shows. A direção é de Amora Mautner
Dezembro de 1951 significou um marco na história da televisão brasileira: nesta data, a extinta TV Tupi exibiu a primeira telenovela do país, “Sua vida me pertence”. De lá para cá foram 63 anos de construção e aperfeiçoamento; e a televisão não apenas se consolidou no cotidiano social como transformou as novelas em um dos principais hábitos de entretenimento da população brasileira. É extensa a lista de narrativas que marcaram época e de personagens que se fixaram no imaginário popular, como é o caso de Odete Roitman, Jorge Tadeu, Tieta, Sinhozinho Malta, Nazaré Tedesco e Flora. Entre mocinhos e vilões, estes personagens fizeram história e são lembrados com saudosismo.
Em todos esses anos, as novelas não pararam de aperfeiçoar seus conteúdos e formatos de exibição. Elas ganharam cores, agilidade, diálogos mais elaborados, cenários e figurinos belíssimos e fotografia cinematográfica. Agora, com a nova novela das nove – A Regra do Jogo -, a Rede Globo pretende elevar essa produção a um novo patamar.
A regra do jogo é quebrar regras
Com estreia marcada para o dia 31 de agosto, A Regra do Jogo é assinada por João Emanuel Carneiro – autor de grandes sucessos, como A Cor do Pecado, A Favorita e Avenida Brasil – e dirigida por Amora Mautner – vencedora do Emmy International de 2013 com a novela Joia Rara.
A grande inovação por trás da nova novela está em transgredir as barreiras da verossimilhança e levar naturalidade e originalidade para os telespectadores. Dois anos de trabalho intenso lançam luz a um possível futuro ou tendência das telenovelas, que aposta na organicidade da narrativa e na sua capacidade de reproduzir e esmiuçar a realidade. A Regra do Jogo aposta na veracidade, na livre movimentação, na emoção dramatúrgica como guia de filmagem.

O que prevalece é um retrato fiel do brasileiro, da convivência familiar, dos gestos que acompanham um coro de diferentes e simultâneas vozes, dos detalhes corriqueiros e das ações que, de tão comuns, passam despercebidas. Para dar vazão a esta intensa e diferenciada experiência, Amora criou o inusitado conceito de “caixa cênica”. Segundo a diretora, o projeto – que cria cenários fechados, nos quais o público é colocado como um observador onipresente, capaz de ver por diversos ângulos, pontos de vista e enquadramentos – é resultado de uma necessidade antiga: “Desde que eu comecei a trabalhar com textos do João Emanuel Carneiro senti uma vontade de fazer novelas cada vez mais orgânicas, porque a natureza do texto dele pede isso”, explica.
Inspirada no jogo de câmeras dos reality shows, a caixa cênica oferece mais liberdade de movimentação aos atores e, consequentemente, mais espaço para improvisos. O resultado são falas e gestos mais autônomos e despreocupados com a disposição dos corpos frente às câmeras, que, por sua vez, estão espalhadas no cenário atrás de espelhos e quadros.

“O que pretendemos com esta novela é um híbrido entre dramaturgia e reality. A caixa cênica exigiu um projeto cenográfico específico que comportasse nossos espelhos falsos, por exemplo. Como nos realities, temos diversas câmeras posicionadas estrategicamente, algumas estão visíveis para os atores e outras estão ocultas. A ideia é que o ator não precise mais ir para uma determinada marca, mas que, ao contrário, a marca venha para o ator. Eles realizam suas ações livremente, têm liberdade de ação”, explica Amora.

Uma novela utiliza, geralmente, quatro câmeras para filmagem. A Regra do Jogo conta com oito câmeras – dentre elas duas robóticas – para captar os diversos aspectos de uma cena. Isso permite não só mais liberdade e diferentes pontos de vista, mas também novas possibilidades de movimentação da câmera e mais planos sequência.
A Regra do Jogo chega carregada de expectativas
Fora a novidade da caixa cênica, que por si só já gera uma grande ansiedade, A Regra do Jogo também conta com a habilidade de João Emanuel Carneiro em criar personagens complexos, que confundem e diluem as linhas costumeiramente bem delineadas entre bem e mal.
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